quarta-feira, 11 de maio de 2011

Para STF, leis que venham a restringir direitos de gays serão inconstitucionais

A mais clara reportagem sobre a decisão do STF foi publicada pelo jornal Estado de São Paulo, no dia 7 de maio:

Para STF, leis que venham a restringir direitos de gays serão inconstitucionais
por Felipe Recondo / colaborou Ociamara Balmant

Os direitos garantidos aos homossexuais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de anteontem se tornaram intocáveis. Por mais que o Congresso aprove leis para regulamentar o tema, o STF não deixou espaço para o Legislativo dar um passo atrás.

Pelos termos da decisão do Supremo, uma lei que eventualmente seja aprovada para impedir a adoção de crianças por casais do mesmo sexo será inconstitucional, conforme ministros do STF consultados pelo Estado. Da mesma forma, não é preciso que o Congresso previamente regulamente esses direitos, como a possibilidade de inclusão do parceiro no rol de dependentes no Imposto de Renda, para que os casais de gays os exerçam.

Ao final da sessão de anteontem, os ministros deixaram claro que a decisão abriu todas essas possibilidades, que não dependem de regulamentação de outro poder. Membros da Corte explicam que, ao reconhecer, com base na Constituição, que as uniões homoafetivas têm os mesmos direitos dos casais heterossexuais, o STF impediu que leis ordinárias futuramente aprovadas pelo Congresso retirem ou restrinjam esses direitos.

Ainda mais porque, no entendimento dos ministros, essa isonomia entre casais homossexuais e heterossexuais tem como base princípios constitucionais, como igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana.

No intervalo da sessão de anteontem, na área reservada aos ministros, alguns integrantes da Corte defenderam a necessidade de o STF impor limites à decisão. Com isso, deixariam um espaço para que os direitos fossem regulados pelo Congresso. Mas a ideia não vingou. O voto do relator das duas ações em julgamento, ministro Carlos Ayres Britto, que prevaleceu ao final, proclamou a igualdade absoluta entre os sexos para todos os efeitos.

No caminho oposto, o Congresso não encontra mais amarras para votar um projeto que libere o casamento civil entre homossexuais. Se antes da decisão do STF os parlamentares tentassem liberar o casamento civil de gays, poderiam encontrar restrições do Supremo.

Esse receio se baseava na redação da Constituição e do Código Civil, que preveem a união estável entre homem e mulher. Ao dizer que a redação da legislação não poderia ser interpretada de forma a excluir os homossexuais, os ministros retiraram esse óbice à atuação do Congresso.

De acordo com ministros do STF, o Congresso poderá regulamentar alguns pontos decorrentes da decisão, marcando especificidades na lei que decorram de diferenças biológicas dos homossexuais e heterossexuais. O Congresso só não poderá atentar contra o núcleo da decisão.

Um exemplo do que poderia ser votado pelo Legislativo seria definir como ocorreriam as visitas íntimas em presídios. Mas nesse caso, por questões de segurança, é possível estabelecer situações diferenciadas.

União, não casamento. A decisão do STF não significa a legalização do casamento gay. "Tem gente pensando que pode ir ao cartório amanhã e se casar. Não é assim", explica Adriana Galvão Abílio, presidente da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da OAB-SP e vice-presidente dessa comissão na OAB Nacional. "A Constituição brasileira diz que o ato civil do casamento só pode ocorrer entre sexos diversos. A decisão do STF apenas uniformiza o entendimento sobre a jurisprudência."

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vitória! STF reconhece união gay por unanimidade

Em uma sessão histórica, concluída nesta quinta-feira (05/05), o STF (Supremo Tribunal Federal) reconheceu, por unanimidade a equiparação da união civil homoafetiva à união civil heterossexual. Foram 10 votos a favor e nenhum contra (o ministro Dias Toffoli se declarou impedido de votar por ter atuado no processo quando fazia parte da Advocacia-Geral da União).

Vale lembrar que a decisão não equivale a uma lei, mas a decisão, que tem efeito vinculante, ajudará em decisões que dizem respeito a pensão, herança e adoção.

A sessão que durou dois dias, foi acompanhada ao vivo por milhões de pessoas via internet e TV Senado. O assunto dominou as primeiras posições do trend topics do Twitter, com a hashtag #uniãohomoafetiva.


Documentário

A decisão do STF fortalece ainda mais o documentário "Eu vos declaro...", que visa mostrar as famílias LGBTs que já existiam quando a lei não dava conta de seus direitos.


Fonte: Folha.com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Em discurso, deputado defende casamento gay

via Folha.com

Na quinta-feira, em seu primeiro discurso na Câmara, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que trabalhará principalmente pela garantia dos direitos dos LGBTs, já que era o primeiro deputado eleito assumidamente homossexual.

Jean, que ficou conhecido após vencer o "Big Brother Brasil 5" (Globo), em 2005, promete lutar pela aprovação de uma PEC (proposta de emenda constitucional) que reconheça o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

"É preciso mostrar que aquela família de comercial de margarina não existe ou existe ao lado de muitas outras famílias diferentes. A ausência de leis não significa que a realidade [da união de pessoas do mesmo sexo] não exista", afirmou ele.

O deputado explicou que o casamento civil é diferente do reconhecimento da união estável entre homossexuais, que está sendo julgado pelo Supremo. "O casamento garante os direitos sucessórios, por exemplo."

Marta Suplicy (PT-SP), vice-presidente do Senado, também já manifestou que seu mandanto vai priorizar as questões ligadas ao movimento gay.

Menos de dez deputados estavam presentes no discurso de Jean Wyllys.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Conheça: Marco e Will


O empresário Marco Antônio, 45 anos, e o engenheiro William, 26, formam o segundo casal participante do documentário “Eu vos declaro...”. Juntos há quatro anos, conheceram-se em janeiro de 2007 e três meses depois estavam morando na mesma casa.
A música é uma das paixões que eles dividem. Os dois se viram pela primeira vez um karaokê no centro de São Paulo e até hoje são figurinhas fáceis em estabelecimentos para cantores amadores.

Marco é pai de dois filhos --Monique (21 anos) e Cristian (16)-- e ambos moram com o casal, no bairro da Aclimação, no centro da capital paulista. Will, que acompanhou o crescimento dos filhos do companheiro, sonha em adotar uma criança.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conheça: Adriana e Munira

Adriana e Munira seguram os gêmeos Eduardo e
Ana Luiza (foto reprodução/Revista Época)


O casal Adriana Tito Maciel, 28 anos, e Munira Khalil El Ourra, 29, estará no documentário "Eu vos declaro...". Mães dos gêmeos Eduardo e Ana Luiza, de 1 ano e 9 meses, vivem em Carapicuíba (Grande São Paulo) e se conheceram há quatro anos por amigos em comum.

Representantes comerciais, elas já apareceram em alguns programas e reportagens por causa dos filhos, frutos de uma inseminação que uniu os óvulos de Munira gestados no útero de Adriana com o auxílio de um doador anônimo de banco de esperma.

Adriana e Munira brigaram na Justiça para registrar ambos os gêmeos nos nomes das duas mães e, depois de muita burocracia, conquistaram esse direito neste ano. A feitura da nova certidão de nascimento dos filhos, o cotidiano familiar e a história de amor do casal serão registrados no documentário.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Marta Suplicy falará sobre casamento gay no Senado

Conhecida por sua militância na causa LGBT quando deputada federal nos anos 1990, Marta Suplicy (PT-SP) vai tratar da união civil homossexual em seu discurso de posse no Senado, na próxima terça-feira, dia 1º de fevereiro. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo. Segundo a coluna, Marta tratará de temas espinhosos e polêmicos da campanha presidencial, entre eles, a legalização do aborto.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Seleção: documentário "Eu vos declaro..."

Graças as divulgações no site A Capa e no blog Bota Dentro, o projeto "Eu vos declaro..." recebeu muitos e-mails de casais interessados em participar. Estou entrando em contato com todos os interessados. A seleção vai até meados de fevereiro.

Se você tem mais de 18 anos, faz parte de um casal gay, lésbico ou trânsgenero há pelo menos um ano e meio e topa contar e mostrar sua rotina para o filme, mande um e-mail para euvosdeclaro@gmail.com com uma foto sua e de seu(sua) parceiro(a). Na mensagem, fale sobre a história do casal e por quais razões vocês estão interessados em participar do documentário.


Mais sobre casamento gay e o STF


O portal MixBrasil publicou uma reportagem com mais detalhes sobre os bastidores do Supremo Tribunal Federal, que, em fevereiro, pode aprovar a união cívil entre pessoas do mesmo sexo. Dias atrás, o blog publicou post sobre o caso (leia aqui). Intitulado "Casamento gay será aprovado em fevereiro. E é no Brasil. Dilma apoia. Entenda o caso e compre sua aliança", o texto traz posicionamentos dos ministros e da Advocacia Geral da União (leia aqui).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Novela "Vale Tudo" discute o direito de herança em uma união homoafetiva

O casal Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska), na novela "Vale Tudo"

Em 1989, quando a novela "Vale Tudo" teve sua primeira exibição na Globo, eu tinha apenas dois anos. A trama ficou mais conhecida pela pergunta "quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall)", mas ousou em inúmeros assuntos, inclusive na discussão de como fica a herança após a morte de um dos parceiros em um relacionamento estável gay.

No folhetim", Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin) eram companheiras há mais de dez anos. Tinham o apoio da família e dos amigos e eram sócias em uma pousada. Cecília morreu em um acidente de carro (exibido na semana passada pelo canal a cabo Viva) e não deixou testamento -- havia feito a minuta em que passava à companheira todos seus bens, em caso de morte, mas o documento não chegou a ser reconhecido em cartório--. Laís teve de brigar com o cunhado, Marco Aurélio (Reginaldo Faria), pela pousada, que ele queria vender para ganhar dinheiro com a especulação imobiliário.

"Vale Tudo" foi ao ar apenas quatro anos após a redemocratização do Brasil, período em que a lei e a sociedade ainda eram mais fechadas do que hoje. Vinte e dois anos depois, pouco se avançou. O blog conversou sobre o tema com Gilberto Braga, autor da novela lado de Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Abaixo, segue a entrevista realizada por e-mail.

Blog: Personagens gays já haviam aparecido em ao menos duas novelas anteriores ("O Rebu" e "Roda de Fogo"). Em "Vale Tudo", porém, Laís e Cecília viviam uma relação assumida e apoiada pelos outros personagens da trama. Como foi escrever esses personagens naquela época? Sofreu algum tipo de pressão ou sanção?
Gilberto Braga: Nenhuma pressão, o casal era bem aceito.

Blog: Em 1989, ano em que a novela se passa, as questões sobre casamento gay e direitos dos parceiros do mesmo sexo perante a lei ainda eram incipientes. Como foi abordar o assunto, a partir da morte de Cecília?
Gilberto Braga: Deu muito certo, eu me inspirei no caso real do Jorge Guinle Filho e Marco Rodrigues.

Blog: Pensando de 1989 para cá, como você analisa os avanços sociais adquiridos por homossexuais?
Gilberto Braga: Muita coisa melhorou.

Blog: E na dramaturgia? Podemos considerar que houve avanços no tratamento da temática gay? Por quê?
Gilberto Braga: Sem dúvida. Hoje em dia toda novela tem personagens gays, como na vida real.

Blog: Ao seu ver o que falta para o Brasil instituir leis iguais aos demais cidadãos para casais gays?
Gilberto Braga: Não sei responder.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Supremo Tribunal Federal discutirá casamento gay

A notícia é da coluna Radar, da revista Veja, assinada por Lauro Jardim, desta semana.

Casamento gay na pauta

Carlos Ayres Britto está trabalhando nas férias para concluir o seu voto sobre uma dessas questões que mexem bastante com a opinião pública: o reconhecimento jurídico da união homossexual. Ayres Britto, relator da ação movida pelo governador Sérgio Cabral, entrega em fevereiro suas considerações, de cerca de trinta páginas, ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cezar Peluso.

A partir daí, já se pode marcar a data da votação. Embora Ayres Britto não revele seu voto, há uma quase unanimidade entre seus pares: será favorável à união homossexual.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Por aí

O projeto "Eu vos declaro..." teve destaque no site A Capa (leia aqui). A divulgação já rendeu alguns interessados em participar do documentário.

Os casais (gays, lésbicos e transgêneros) juntos a mais de um ano e meio que tiverem interesse basta entrar em contato no e-mail euvosdeclaro@gmail.com

sábado, 8 de janeiro de 2011

Vem comigo!

A intenção do blog é acompanhar o processo de realização do documentário "Eu vos declaro..." (leia mais aqui). Nesta página, também busco participantes para o projeto.

Então, se você tem mais de 18 anos, faz parte de um casal gay, lésbico ou trânsgenero há mais de um ano e meio e topa contar e mostrar sua rotina para o filme, mande um e-mail para euvosdeclaro@gmail.com com uma foto sua e de seu(sua) parceiro(a). Na mensagem, fale da história do casal e por quais razões vocês estão interessados em participar do documentário.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Resolução oficializa reprodução assistida a homossexuais

O jornal Folha de S.Paulo publicou hoje (6/01/11) uma reportagem sobre novas regras do Conselho Federal de Medicina, que garantem direito à reprodução assistida a parceiros do mesmo sexo. O texto, que segue na íntegra abaixo, é de Johanna Nublat.


Reprodução assistida tem novas regras

Resolução do Conselho Federal de Medicina garante direito ao procedimento para os casais do mesmo sexo

Fertilização passa a ser permitida após a morte de um dos pais, se houver autorização prévia registrada

JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA

O Conselho Federal de Medicina divulgou ontem uma nova resolução para a reprodução assistida. As regras devem ser publicadas hoje no "Diário Oficial da União".

O texto estabelece que casais gays podem usar essas técnicas, em que o embrião é fertilizado no laboratório.

A técnica também é permitida após a morte de um dos genitores, desde que haja autorização prévia para o uso dos gametas ou embriões congelados. De preferência, com registro em cartório.
O uso da fertilização por casais do mesmo sexo, pessoas solteiras e "post mortem" não era claro na regra antiga, de 1992, o que gerava dificuldade na aplicação, além de batalhas jurídicas.
"A impressão é que havia conservadorismo na [regra] anterior", diz Waldemar Naves do Amaral, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

A chancela do direito dos casais gays pode ter reflexos polêmicos, como o reconhecimento da dupla paternidade ou maternidade e questões patrimoniais.

ÉTICA

A resolução reforça a proibição da escolha do sexo da criança e a necessidade de a clínica manter um cadastro completo com informações dos pacientes e de esclarecê-los sobre as chances de sucesso da fertilização.

A Folha apurou que a ênfase do conselho nesses pontos foi motivada pelo caso do médico Roger Abdelmassih, acusado de estupro por pacientes e condenado a 278 anos de prisão. A defesa nega os crimes e diz que ele não ficava sozinho com pacientes.

Uma investigação, em andamento no conselho, levantou possível uso de material genético que não era do casal, falta de prontuários, cobrança para escolha do sexo do bebê e promessa de taxas de sucesso irreais. O caso corre em segredo de Justiça.

"Se alguém alardeia 90% de sucesso, faz propaganda enganosa ou usa métodos eticamente inaceitáveis", afirma Roberto D'Ávila, presidente do conselho.

MÚLTIPLOS

Outra alteração é a que limita o número de embriões a serem implantados de cada vez, a depender da idade da mulher.

A ideia é explorar tecnologias que aproveitam melhor cada tentativa e evitar gestações múltiplas e "redução embrionária", em que parte dos embriões é retirada.

O descarte do material biológico fica por conta das clínicas. Segundo Amaral, trata-se só do descarte de espermatozoides e óvulos, já que o de embriões é proibido.